quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Como tornar seu filho um cidadão

Foto: Claudia Marianno
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"O melhor lugar para ensinar cidadania é exatamente esse: com seu filho, dentro de casa e nas relações que ele estabelece e aos poucos vai ampliando", diz a pedagoga Renata Queiroz de Moraes Americano
Texto de:  Carolina Tarrio   Retirado na íntegra de: Educar para Crescer
Como em vários dias da semana, o pai buscou a filha na escola. Acomodou-a na cadeirinha, no banco de trás do carro, e começou o trajeto de volta para casa. Havia trânsito. Depois de pegar alguns semáforos fechados, assim que surgiu a luz verde, o pai ouviu, em alto em bom som, vinda da cadeirinha, a voz de sua filha:

- "Vai, mulher lerda!"

A menina, de 4 anos, nem se abalou ao ver o pai virar-se, espantado. Afinal, não era assim mesmo que ele fazia? Já o pai foi dormir naquela noite revendo alguns conceitos...

Essa pequena história, real, serve para ilustrar um fato mais do que comprovado: crianças aprendem imitando o comportamento dos adultos, vendo como estes agem e reagem - e não seguindo seus conselhos ou ensinamentos. Portanto, se você pretende ter um filho preocupado com o bem comum, ciente do outro e bom cidadão, não há outro jeito a não ser começar a seguir essa trilha você mesmo.

De nada adianta pedir calma aos filhos e agir feito um desesperado ao volante. Falar às crianças que elas devem ser legais com os amigos e dividir os seus brinquedos se somos os primeiros a furar fila, trafegar pelo acostamento ou largar o carrinho do supermercado dentro do elevador para que outro o leve até a garagem quando dá preguiça. Pode ter certeza: seus filhos vão tratar os outros, e a cidade, exatamente como você os trata. E devolverão consideração ou desrespeito na mesma medida em que os recebem.

Mas, afinal de contas, o que é essa tão falada cidadania? O conceito, que surgiu na Grécia Antiga, designa os direitos e deveres de todos os que vivem nas cidades. Alguns estão expressos em leis, como os direitos civis ou políticos. Outros simplesmente fazem parte das regras de bom senso e de convivência que cada comunidade adota. Em poucas palavras, a questão é simples: para usufruir do monte de benefícios que o viver em comunidade traz, é preciso, também, dar de volta, obedecendo regras estabelecidas e honrando deveres que garantem que o bem comum e os direitos dos outros também sejam preservados.
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Muito fácil ensinar isso aos filhos nestes tempos de individualismo extremo, de corrupção, de desrespeito ambiental e social, né?, dirão vocês. De fato, não é. Mas ninguém falou que seria fácil desenvolver a humanidade. O esforço civilizatório nunca foi bolinho, mas precisa ter início em algum lugar. "O melhor lugar para ensinar cidadania é exatamente esse: com seu filho, dentro de casa e nas relações que ele estabelece e aos poucos vai ampliando", diz a pedagoga Renata Queiroz de Moraes Americano, da Escola Viva, em São Paulo. Assim, as noções vão sendo aprendidas, transferidas aos outros e, quem sabe, um dia, virem universais. Este planeta é nosso e a qualidade de vida nele, física ou socialmente, também depende de pequenas ações de nossa parte